TRIAGEM NEONATAL: UM PROGRAMA DE SUCESSO EM SAÚDE PÚBLICA

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AUTORIA:

Léa Maria Zanini Maciel

Professora Associada do Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP

Coordenadora do Programa e do Laboratório de Triagem Neonatal do

HCFMRP-USP

Patrícia Künzle Ribeiro Magalhães

Médica Assistente do HCFMRP-USP junto ao Programa de Triagem

Neonatal do HCFMRP-USP

O Programa de Triagem Neonatal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão (HCFMRP-USP) completou, em 2019, 25 anos de atuação, realizando a triagem de aproximadamente 38.000 crianças/ano, oriundas de 107 municípios das Divisões Regionais de Saúde (DRS) 2 (Araçatuba), 5 (Barretos), 8 (Franca) e 13 (Ribeirão Preto).

Atualmente, o Programa de Triagem Neonatal do HCFMRP-USP é um dos 3 centros do estado de São Paulo credenciados pelo Ministério da Saúde (MS), juntamente com a APAE-SP e a Universidade de Campinas (UNICAMP). Está cadastrado na fase 4 do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) do MS, sendo responsável pela triagem neonatal para as doenças fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase.

Na figura 1 encontra-se o resumo da implantação do Programa de Triagem Neonatal do HCFMRP-USP nas diferentes DRSs e quando as doenças foram sendo incorporadas a ele ao longo dos anos.

Objetivos do Programa

A triagem neonatal tem por objetivo o diagnóstico pré-sintomático e rápido de doenças, cujos diagnóstico e tratamento precoces previnem ou reduzem a morbimortalidade associada a elas.

Para atingir estes objetivos é necessário que:

1. o Programa atinja uma cobertura de 100% dos nascidos vivos,

2. todas as crianças nascidas vivas tenham o teste coletado em tempo ideal, ou seja, no 3º. ou 4º. dias de nascimento,

3. o material seja enviado ao laboratório de triagem neonatal o mais rapidamente possível,

4. o resultado do exame seja liberado o quanto antes pelo laboratório e a criança com resultado alterado convocada imediatamente para confirmação do diagnóstico e tratamento, se necessário.

Além disso, a análise destes parâmetros e a melhoria progressiva dos mesmos até o alcance do ideal devem fazer parte do controle de qualidade dos programas de triagem neonatal.

Como estamos nestes parâmetros?

A Tabela 1 e as figuras 1, 2 e 3 mostram a evolução do programa de Triagem do HCFMRP-USP no período de 1996/1997 a 2018.

Tabela 1 Cobertura do Programa de Triagem Neonatal do HCFMRP-USP no período de 1997 a 2018

Figura 1. Idade da criança no momento da coleta do exame no período de 1996 a 2018

Figura 2. Tempo médio (dias) entre a data de coleta do teste e a chegada do exame ao laboratório no período de 1996 a 2018

Figura 3. Tempo médio (dias) entre a chegada do teste ao Laboratório e liberação de resultados no período de 1996 a 2018

INCIDÊNCIA DAS DOENÇAS RASTREADAS

A incidência das doenças rastreados na população de estudo encontra-se na Tabela 2.

Tabela 2. Incidência das doenças rastreadas no HCFMRP-USP

Conclusões;

O Programa de Triagem Neonatal do HCFMRP-USP é um programa de sucesso em Saúde Pública com o diagnóstico e tratamento adequado das doenças rastreadas e com isto eliminando o retardo mental e diminuindo a morbimortalidade dos indivíduos, melhorando a sua qualidade de vida.

Deve ser reiterada a importância do trabalho em equipe e da colaboração constante de um conjunto de pessoas e instituições envolvidos nesta tarefa: desde os responsáveis pela criança (mãe e/ou pai, levando a criança para a coleta do exame no tempo adequado), hospital ou maternidade onde nasceu a criança, pediatras e obstetras (orientando os pais quanto à importância e o momento correto da coleta do exame), postos de coleta do exame (coletando corretamente e enviando rapidamente os exames, e promovendo a busca ativa da crianças com exames alterados), Secretarias Municipais de Saúde (realizando campanhas de esclarecimento quanto à importância do teste) até o Serviço de Referência em Triagem Neonatal (realizando os exames com confiabilidade e rapidez, trabalhando efetivamente na busca ativa de crianças com resultados alterados, e contando com um grupo de especialistas para a confirmação diagnóstica, tratamento e seguimento adequados dos pacientes afetados).

Com 25 anos de história, como mostram a tabela 1 e figuras 1 e 2, ainda não atingimos todas as metas de um programa de triagem ideal. Entretanto, felizmente, a mediana de idade para o início do tratamento foram adequadas de acordo com os critérios estabelecidos pelas Sociedades Médicas de 15 dias para as crianças com hipotireoidismo congênito, de 22 dias para Fenilcetonúria, de dois meses para Hemoglobinopatias , 42 dias para Fibrose Cística, 16 dias para Hiperplasia Adrenal Congênita e de 35 dias para deficiência de Biotinidase.

Em 6/12/2019 no anfiteatro da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto –USP, reunimos cerca de 400 pessoas para um curso de reciclagem e foi um momento precioso para capacitação de pessoas envolvidas na triagem neonatal e aprimoramento do Programa.

 

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