Por Marcos de Assis
No final do século XIX, um evento aparentemente insignificante no laboratório de Wilhelm Conrad Röntgen, um físico alemão, desencadeou uma revolução na medicina. Ao trabalhar com tubos de raios catódicos, Röntgen notou um brilho fluorescente em uma tela próxima, mesmo quando esta estava coberta por um papel preto. Intrigado, ele percebeu que havia descoberto um novo tipo de radiação, que ele chamou de raios X. Essa descoberta, em 1895, marcou o nascimento da radiologia.
Assista ao vídeo
Apenas alguns meses após sua descoberta, Röntgen realizou a primeira radiografia da história, utilizando a mão de sua esposa como objeto de estudo. A imagem, que revelava os ossos da mão com clareza impressionante, causou sensação na comunidade científica e no público em geral. Rapidamente, os raios X se mostraram uma ferramenta indispensável para o diagnóstico médico, permitindo visualizar o interior do corpo humano sem a necessidade de procedimentos invasivos.
Avanços – Nas décadas seguintes, a radiologia experimentou um rápido desenvolvimento. Novas técnicas e equipamentos foram criados, como os tomógrafos e os aparelhos de ressonância magnética, que permitiram obter imagens cada vez mais detalhadas e precisas do corpo humano. A radiologia também se expandiu para além do diagnóstico médico, encontrando aplicações em diversas áreas, como a indústria e a segurança.
Relevância – A radiologia desempenha papel importante no diagnóstico e tratamento de inúmeras condições, permitindo intervenções precoces que são fundamentais para o sucesso terapêutico. Além do diagnóstico, a radiologia intervencionista oferece procedimentos minimamente invasivos para tratar doenças de maneira eficaz, com menor risco e tempo de recuperação para os pacientes. A radiologia também é vital na monitoração do progresso do tratamento de várias doenças, como câncer, doenças cardiovasculares e muitas outras condições crônicas. É uma área que está sempre em desenvolvimento.
Para o professor Valdair Muglia, coordenador do Centro de Imagens do HCRP, afirma que “ especialmente numa época em que a medicina está se tornando cada vez mais dedicada a cada paciente individualmente. A radiologia é fundamental porque contribui em várias áreas, para diversas doenças, de maneiras distintas”. Para ele, “hoje, é muito difícil, não só na área da emergência. Toda a oncologia, especialmente a oncologia de precisão, é baseada em métodos de imagem, tanto para detecção quanto para estadiamento das neoplasias e avaliação da resposta terapêutica. A imagem é fundamental em várias outras áreas. Hoje, a imagem está incorporada na medicina, sendo impossível imaginar a medicina moderna sem a radiologia”.
Leia as entrevistas completas com alguns dos entrevistados do vídeo sobre o Dia da Radiologia
Entrevista completa com o professor Valdair Muglia, coordenador do Centro Imagens do HCRP
Professor, o que significa o dia 8 de novembro?
O dia 8 de novembro foi criado por organismos internacionais dedicados à radiologia como especialidade médica, para conscientizar todos sobre o valor dessa especialidade, que muitas vezes não é conhecida por boa parte da população. Então, dia 8 de novembro é o Dia da Radiologia, em homenagem ao descobridor dos raios X, no final da década de 1800, mais precisamente em 1895. O Dia Internacional da Radiologia, conhecido como 8 de novembro.
Qual a importância para a área da medicina?
Destaca a importância dessa área para a medicina, especialmente numa época em que a medicina está se tornando cada vez mais dedicada a cada paciente individualmente. A radiologia é fundamental porque contribui em várias áreas, para diversas doenças, de maneiras distintas. Aqui, na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, a incorporação da tomografia, por exemplo, modificou o desfecho de várias doenças. Só para citar duas, o AVC, ou derrame cerebral, passou a ser avaliado inicialmente com tomografia, inclusive com a utilização de angiotomografia para identificar áreas de isquemia mais precocemente e oferecer um tratamento, que também passa pela radiologia intervencionista, permitindo aos pacientes ficarem sem sequelas, algo inimaginável há 20 anos. Outra aplicação na emergência seria em pacientes com politraumas, como aqueles que sofrem agressão ou acidente automobilístico, onde a tomografia é fundamental para avaliar quais áreas do paciente estão mais comprometidas e podem colocar sua vida em risco.
É possível imaginar a medicina sem a radiologia?
Hoje, é muito difícil, não só na área da emergência. Toda a oncologia, especialmente a oncologia de precisão, é baseada em métodos de imagem, tanto para detecção quanto para estadiamento das neoplasias e avaliação da resposta terapêutica. A imagem é fundamental em várias outras áreas. Hoje, a imagem está incorporada na medicina, sendo impossível imaginar a medicina moderna sem a radiologia.
Entrevista com o doutor Paulo Secaf
Nesses pouco mais de 40 anos na área, que evolução acompanhou?
Eu acompanhei uma evolução bastante significativa dos métodos de imagem. Na realidade, quando me formei e terminei a residência, basicamente utilizávamos o raio X convencional, onde os aparelhos eram muito simples. A radiologia digital, que hoje prevalece em todos os grandes serviços, como no Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto, ainda não estava incluída. Os serviços relacionados à produção da imagem eram muito básicos, incluindo pessoas que faziam a revelação de filmes, algo que basicamente não existe mais. Hoje, as imagens são produzidas automaticamente, sem a necessidade de revelação manual, como era antes. Houve também a produção e evolução de novos aparelhos para o diagnóstico, como tomografia, ultrassonografia e ressonância magnética, além da radiologia digital relacionada ao estudo da mama, que trouxe imagens mais detalhadas na busca pela patologia mamária na mulher.
Com essa experiência, o que o senhor projeta para o futuro nesta área?
Essa evolução é constante. Não há necessidade de projetar um futuro a longo prazo, pois ela é muito breve. Todos os dias, nesta área em que trabalhamos, há uma evolução. Novos artigos são lançados basicamente todos os dias sobre novas e mais modernas realizações, no sentido de evoluir a imagem e o diagnóstico, facilitando a possibilidade de cura das pessoas.
O senhor se realiza como radiologista?
Sou muito feliz na área em que atuo. Todos os dias acordo com o propósito de ajudar as pessoas.
Entrevista com o supervisor das técnicas radiológicas Deniz Sá
Qual é a sua função e a do técnico radiologista?
Eu faço parte da chefia dos técnicos em radiologia, coordenando a equipe aqui. Sou responsável por elaborar a escala de trabalho e realizar o treinamento dos profissionais para atuar nas diferentes áreas que temos na unidade de emergência. Isso inclui a tomografia computadorizada, na qual temos duas salas; a radiologia intervencionista, que abrange arteriografia e centro cirúrgico; o raio X convencional contrastado, além dos raios X realizados no leito. Coordeno toda a equipe de técnicos e tecnólogos em radiologia na unidade de emergência, ressaltando que esses profissionais são fundamentais para a realização dos exames. Eles são responsáveis por posicionar o paciente na mesa, adquirir imagens de qualidade e enviá-las para o sistema, permitindo que os médicos façam o relatório do exame.
Entrevista com Juliana Rossato Mendes
Qual a importância da enfermagem na radiologia?
Nossa equipe de enfermagem na Unidade de Emergência é composta por 13 técnicos e dois enfermeiros atualmente. Temos um papel fundamental no cuidado do paciente antes, durante e após o procedimento, oferecendo orientações para evitar complicações no pós-operatório, auxiliando durante a cirurgia e verificando o preparo e os materiais necessários para a realização dos exames. Somos fundamentais, pois a enfermagem acompanha o paciente 24 horas em todo o hospital. Na radiologia, durante o exame, somos responsáveis desde o início até a saída do paciente, além de gerenciar o andamento da sala, a sequência e a prioridade dos exames.
Sem comentários ainda.