Cãozinho emociona paciente, familiares e funcionários da Unidade de Emergência

Por Marcos de Assis e Daniel Menezes

Paciente da UE recebe visita de seu cão

Esses bichos exercem um domínio sobre nós que ainda não foi bem explicado. Olhar nos olhos de um cão e acariciar seu pelo faz tão bem que a ciência passou a estudar o bem-estar que isso provoca. Quem gosta sabe o que isso significa. Quem não gosta, não sabe o que está perdendo.

Nos olhos de um cão, há um universo de emoções que transcende palavras e cria sentimentos. Acariciar um cachorro traz sensação de calma e reduz o estresse, fenômeno explicado por diversos estudos científicos.

Assista o vídeo clicando em: https://drive.google.com/file/d/1Vv9bWonRGT1ipNMzBdwSlH7CGnqHd1VG/view?usp=sharing

Foi por causa desse turbilhão de emoções que esses peludos provocam que hoje o Simba, de quatro anos, foi levado à Unidade de Emergência para visitar o seu tutor que está internado no CTI. A presença do cãozinho preto, de pelo macio e olhar meigo, mexeu com as emoções da família e também dos funcionários. Basta ver as fotos para entender o fascínio que ele provocou.

A avó, enquanto observava o cão em cima do leito com o neto, disse que o cãozinho é muito ligado a ele. “Meu neto ama esse cachorro e tenho certeza de que um está sentindo a falta do outro. Ontem, quando ele ouviu minha filha abrir o portão, foi correndo pegar a meia de meu neto que estava perto da cama e levou até a minha filha, mãe do meu neto, que chegava. Os dois estavam sempre juntos. É um grude só. Eu tenho certeza de que meu neto gostou de ver o Simba”.

A médica intensivista Julia Batista de Carvalho, que acolheu o pedido da família para deixar o cão visitar o paciente, afirma que “cuidar não é só da doença. O cuidar é do paciente como um todo. E, às vezes, o paciente precisa disso e a família disse que ele gostaria disso. A gente não entende o que é a vida do paciente lá fora e a significância que isso tem para ele na recuperação. Então, faz parte da recuperação pensar não só no tratamento da doença em si, mas no emocional que representa a visita de um animal de estimação”.

O garoto e o cão ficaram juntos por poucos minutos, mas o suficiente para emocionar quem viu e torcer pela rápida recuperação. Se precisar de mais visitas, a família já sabe a quem pedir. “É a segunda vez que a gente faz, mas o que vemos na literatura, o que a gente já entende sobre isso, é que existe um benefício grande para os pacientes. Não só para o paciente, até para os familiares. Então, isso é interessante acontecer e deixar acontecer. Permitir que isso aconteça com os pacientes”, afirma Julia, que teve apoio da enfermeira Rita Quaglio, organizadora da visita.

 

Estudo – A ternura no olhar de um cão tem o poder de nos tocar de maneira única, criando um vínculo que é ao mesmo tempo simples e profundamente significativo e, às vezes, inexplicável. Acariciar o pelo de um cão, mexer em suas orelhas, enquanto ele se aninha, dá a sensação de que o tempo parou, que o estresse foi embora e a mente acalmou. Essas sensações têm sido estudadas e diversos artigos científicos explicam esse fenômeno. A interação com cães pode liberar endorfinas, que são neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e felicidade.

1. Estudo de Nagasawa. (2015)

Título: “Oxytocin-gaze positive loop and the coevolution of human-dog bonds” Autores: Miho Nagasawa, Takefumi Kikusui, et al. Publicação: Science, 2015 Resumo: Este estudo demonstrou que o contato visual entre cães e seus donos aumenta os níveis de oxitocina em ambos. Os pesquisadores observaram que quando os cães e seus donos se olhavam nos olhos, havia um aumento significativo de oxitocina, criando um “ciclo positivo de oxitocina”. Este ciclo fortalece o vínculo emocional entre humanos e cães. Link: Science Magazine

2. Estudo de Odendaal e Meintjes (2003)

Título: “Neurophysiological correlates of affiliative behaviour between humans and dogs” Autores: Johannes S. J. Odendaal, R. A. Meintjes Publicação: The Veterinary Journal, 2003 Resumo: Este estudo investigou as mudanças neurofisiológicas em humanos e cães durante interações afetuosas. Os resultados mostraram que tanto humanos quanto cães experimentam um aumento nos níveis de oxitocina e dopamina, hormônios associados ao bem-estar e à ligação emocional, durante essas interações. Link: The Veterinary Journal

3. Estudo de Handlin. (2011)

Título: “Short-term interaction between dogs and their owners: Effects on oxytocin, cortisol, insulin and heart rate – An exploratory study” Autores: Linda Handlin, Eva Hydbring-Sandberg, et al. Publicação: Anthrozoös, 2011 Resumo: Este estudo explorou os efeitos de interações de curto prazo entre cães e seus donos nos níveis de oxitocina, cortisol, insulina e frequência cardíaca. Os resultados indicaram que o contato visual e físico com cães pode aumentar os níveis de oxitocina e reduzir os níveis de cortisol (um hormônio do estresse) em humanos. Link: Anthrozoös

4. Estudo de Miller. (2009)

Título: “Heart rate variability in human-dog interaction: A pilot study” Autores: Suzanne C. Miller, Lori Kennedy, et al. Publicação: Applied Animal Behaviour Science, 2009 Resumo: Este estudo analisou a variabilidade da frequência cardíaca em humanos durante interações com cães e encontrou correlações positivas com aumentos nos níveis de oxitocina. A pesquisa sugere que a interação com cães pode promover relaxamento e bem-estar emocional. Link: Applied Animal Behaviour Science

Um estudo publicado no Journal of Nervous and Mental Disease* afirma que acariciar um cão também pode aumentar os níveis de serotonina e dopamina, neurotransmissores que desempenham um papel crucial na regulação do humor e na sensação de bem-estar. Um estudo publicado na *PLoS ONE* mostrou que a interação com cães pode aumentar os níveis desses neurotransmissores em humanos.

 

Doutora Júlia outros virão? Com certeza. Se depender de mim, teremos mais visitas

Sem comentários ainda.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Translate »