Por Marcos de Assis
O Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMRP iniciou, em 2024, no Hospital das Clínicas, o programa de cirurgia robótica como alternativa para o tratamento da endometriose. Essa doença atinge uma em cada 10 mulheres em idade reprodutiva com redução significativa da qualidade de vida.
Desde o início do ano, professores e médicos do HCFMRP-USP implantaram a cirurgia robótica para o tratamento da endometriose. Até o momento, foram realizadas três cirurgias e a previsão é fazer ao menos uma a cada duas semanas pela equipe formada pelos doutores Júlio César Rosa e Silva, José Vitor Zanardi e Fernando Passador Valério.
A cirurgia robótica representa avanço no tratamento da endometriose, oferecendo recuperação mais rápida, menor cicatriz, melhor precisão para o cirurgião, menor invasão e visualização da área cirúrgica aprimorada. “As cirurgias foram muito bem feitas, como sempre são, mas precisamos de dois, três meses para avaliar o impacto desse tipo de cirurgia nesses pacientes”, explica o professor da FMRP, Júlio Cesar Rosa e Silva.
“Estamos propiciando às nossas pacientes uma cirurgia mais avançada tecnologicamente. Mas é importante deixar bem claro, que essa cirurgia pode ser realizada com a laparoscopia convencional sem que signifique comprometimento para paciente nem em termos de resultado nem de complicação. A cirurgia robótica é mais cômoda e mais fácil para o cirurgião, mas o resultado em si é semelhante”, explica o professor Rosa e Silva.
Endometriose – Endometriose é uma condição ginecológica crônica que afeta mulheres em idade reprodutiva e ocorre quando o tecido semelhante ao que normalmente reveste o interior do útero (endométrio) começa a crescer fora do útero.
Esses crescimentos de tecido endometrial fora do útero são chamados de implantes de endometriose e podem se desenvolver nos ovários, nas trompas de Falópio, no tecido que reveste a pélvis, e em raras ocasiões, em órgãos fora da região pélvica, como intestinos, pulmões e outras áreas.
Incidência – “Felizmente, 80% das mulheres acometidas com essa doença têm a que a gente chama inicial. Mas os 20% têm doença avançada com comprometimento significativo na qualidade de vida, com quadro de dor e infertilidade, sendo uma das principais causas de infertilidade”, explica o professor.
Sintomas – Os sintomas geralmente são cólica menstrual com dor muito exacerbada, muito fora do normal, dor para ter relação sexual e dor às vezes sem ligação com o ciclo menstrual ou com a relação sexual, uma dor que a gente chama de dor acíclica. Então o quadro principal é dor pélvica crônica e infertilidade.
Tratamento – O tratamento clínico é para 80% dos casos. Mas em 20% dos casos, quando o tratamento clínico não melhora a qualidade de vida da paciente, a solução é cirúrgica.
Março – “Estamos no mês de março, mês de conscientização mundial sobre a endometriose. A endometriose é uma doença que compromete muito a qualidade de vida da mulher com quadro de dor de cólica menstrual muito intensa, dor para ter relação sexual e frequentemente acaba comprometendo a fertilidade futura dessas mulheres. O diagnóstico é feito pela suspeita clínica, pelos sintomas da paciente e muitas vezes precisamos lançar mão de exames de imagem (ressonância magnética e ultrassom transvaginal) para termos o diagnóstico correto da doença. O tratamento, é basicamente clínico para controlar os sintomas que as pacientes têm (a dor é intensa). Se o tratamento clínico não surte efeito, o tratamento cirúrgico é lançado à mão para que a gente possa melhorar a qualidade de vida das nossas pacientes. Estamos no mês de conscientização e é importante que a gente dissemine esse conhecimento para que consigamos fazer diagnósticos cada vez mais precoce e melhorar a qualidade de vida das nossas pacientes”, afirma o professor Rosa e Silva.
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