Número de pacientes com mais de 60 anos cresce 75% em 10 anos

Neste intervalo de uma década, o volume de pacientes com mais de 60 anos em seguimento no HC, saltou de 17.372 para 30.404. E a tendência é continuar aumentando. Em 2008, o HC atendeu 71.040 pacientes incluindo todas as faixas de idade. Sendo que 17.212 tinham idade entre 60 e 89 anos, representando 24.23% do total de atendidos. Com mais de 90 anos, havia 160 pacientes, o que representava 0.23% do total.

Dez anos depois, os números cresceram. Até março de 2018, havia 29.915 (32.48%) pacientes com idade entre 60 e 89 anos e 489 (0.53%) com mais de 90 anos de um total de 92.095. Para acompanhar este crescimento, o Hospital tem adotado políticas de valorização do idoso, é o que conta ao Jornal do HC, o professor doutor Eduardo Ferrioli, chefe da Divisão de Geriatria e presidente da Comissão Hospital Amigo do Idoso do HC.

Jornal do HC  – Professor, quais avanços ocorreram no HC no atendimento ao idoso nos últimos 10 anos?

Professor Ferrioli – Diversos avanços ocorreram no HC, no atendimento ao idoso, nos últimos 10 anos. Entre eles, posso citar a priorização do atendimento ao idoso em geral e, especialmente, ao idoso mais frágil; a criação ou expansão de ambulatórios especializados no atendimento ao idoso, como o de Oncogeriatria, em que profissionais da Oncologia e da Geriatria atendem, integradamente, o idoso com câncer, oferecendo melhor suporte a este grupo tão especial de pacientes; o Ambulatório de Demências da Geriatria, em que idosos com déficits cognitivos são avaliados criteriosamente, o ambulatório de Reabilitação do Idoso Frágil, no Centro de Reabilitação e o recente Ambulatório de Avaliação Pré-operatória do Paciente Idoso.

Além disso, foi criada a Comissão Interna Hospital Amigo do Idoso, que realizou diversas iniciativas de valorização do paciente idoso (incluindo apresentações, exposição de fotografias, estudos de acessibilidade, de adequação das enfermarias).

A Comissão realizou, ainda, atividades de sensibilização dos funcionários do HC para as limitações que se desenvolvem durante o envelhecimento e que demandam atenção especial; as oficinas de sensibilização foram tão bem-sucedidas que sua realização foi solicitada por outros serviços de saúde.

Recentemente, foi realizada uma atividade de integração entre os idosos da Enfermaria de Geriatria e as crianças do HC-Criança, emocionante e bem-sucedida. Enfermarias foram melhor adaptadas e fluxos de atendimento estabelecidos. Todas estas atividades vêm melhorando o ambiente e qualidade do atendimento ao idoso no HC.

JHC – Qual a importância do Selo do Idoso que o Hospital busca?

Professor Ferrioli – O selo “Hospital Amigo do Idoso” é extremamente importante. Ele atesta que o Hospital das Clínicas oferece atendimento qualificado, humanizado, integrado e de excelência para o paciente idoso. Além disso, garante que esta qualificação está em permanente avaliação pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

JHC – Qual sua visão sobre o atendimento ao idoso no HC para os próximos 10 anos?

Professor Ferrioli – Na minha visão, nos próximos 10 anos, o HC precisa avançar na integração do atendimento ao idoso pelas diversas clínicas com o suporte de profissionais especializados nas áreas de Geriatria e Gerontologia. Elevada proporção dos pacientes cirúrgicos, especialmente da Ortopedia, são idosos (cirurgias de fratura do fêmur, artroplastias e outras).

Os grandes serviços hospitalares vêm promovendo a integração de Geriatras, Gerontólogos (Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais, Enfermeiros, Nutricionistas, Assistentes Sociais e outros profissionais especializados em idosos) e Ortopedistas para este atendimento, sendo que a equipe geriátrica oferece o suporte clínico pré e pós-operatório, enquanto os ortopedistas realizam as intervenções ortopédicas necessárias.

Diversos estudos têm demonstrado a custo-efetividade destes serviços integrados, promovendo melhor bem-estar para os pacientes idosos, redução da ocorrência de complicações, redução do tempo de internação e promovendo melhores condições de alta. Acredito que o HC possa estabelecer não apenas um serviço de Ortogeriatria mas inovar, estabelecendo um Serviço de Suporte ao Atendimento do Idoso, com uma equipe especializada monitorando e oferecendo suporte a idosos internados nas diversas clínicas do Hospital.

Novos ambulatórios, especializados em questões de saúde que compreendem as chamadas Síndromes Geriátricas, devem ser criados, como o Ambulatório de Quedas e o de Fragilidade.

Por fim, novas adaptações em enfermarias e áreas ambulatoriais, adequadas para o atendimento a idosos, deverão ser implementadas, e também melhorias no sistema de informação e fluxos.

 

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