Superintendente vai a Brasília atrás de mais recursos para o Hospital das Clínicas FMRP-USP

Em 40 dias de mandato teve três encontros com o secretário estadual da Saúde e dois com a ministra da Saúde

O superintendente Ricardo Cavalli com a ministra Nísia Trindade, o deputado
Baleia Rossi, o diretor executivo da FAEPA, Valdair Muglia

 

Buscar mais recursos para o Hospital das Clínicas é uma das prioridades do superintendente Ricardo Cavalli. Em 40 dias de mandato, ele já viajou cinco vezes a São Paulo para encontros com o secretário da Saúde, Eleuses Paiva, e uma vez para Brasília. Os 4.650 km percorridos até agora só tem um objetivo: buscar recursos para o HC.

A última viagem, em 07/03, não foi diferente. Ele foi a Brasília para se reunir com o deputado Baleia Rossi e com a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Na bagagem, uma pauta com cinco reivindicações que foram entregues a ela, no encontro no Ministério da Saúde.

Teto MAC – O item 1 levado à discussão com a ministra foi o reajuste do teto MAC (Limite Financeiro de Média e Alta Complexidade). Em relatório apresentado durante a reunião, o superintendente mostrou que, desde 2019, o Hospital tem um déficit em relação ao que recebe do Sistema Único de Saúde (SUS) e ao que é gasto no atendimento aos pacientes.

Em 2019, o déficit foi R$ 16,7 milhões, em 2020, R$ 7,7 milhões, em 2021, R$ 22, 8 milhões, e, em 2022, mais R$ 7,8 milhões. “Pedimos à ministra que reconstitua o teto MAC em valores que possam minorar o déficit apurado no faturamento do SUS nestes últimos anos e que possamos manter o atendimento de qualidade que o HC oferece aos seus milhares de pacientes”, afirmou Cavalli.
Incentivo à Contratualização – O segundo item do encontro foi a defasagem do Incentivo à Contratualização (IAC), que destina às entidades hospitalares sem fins lucrativos 50% a mais no valor contratado para prestação de serviços e outros 10% aos hospitais de ensino. Itens que a Instituição preenche, mas que não recebe. De acordo com o relatório apresentado à ministra, a Instituição recebe R$ 668 mil por mês, quando deveria entrar mensalmente em seu caixa R$ 3,8 milhões.

“A situação vem trazendo enormes prejuízos financeiros à Instituição e, por questão de justiça, uma vez que outros hospitais nas mesmas condições do HC recebem o valor, pedimos à ministra que esses recursos sejam revalorizados, o que contribuirá para manutenção adequada dos serviços prestados à atenção à saúde e para que possam efetuados novos investimentos para benefício dos pacientes”, explica.

Implante transvalsar aórtico (Tavi)- O Hospital passou a realizar, há alguns anos, o implante percutâneo de valva aórtica artificial em pacientes com estenose valvar aórtica, considerados inoperáveis pela cirurgia clássica, ou naqueles com risco muito elevado de morbimortalidade para o procedimento cirúrgico.

O HC chegou a realizar alguns procedimentos de Tavi, com financiamento próprio, aos pacientes do SUS dos grupos de alto risco. “Mas o elevado custo nos impede de estender o atendimento, sem que haja o devido credenciamento junto ao Ministério da Saúde e esse foi mais um pedido entregue à ministra Nísia”. afirmou Cavalli.

O superintendente sustenta que o Ministério da Saúde credenciou três centros para a realização do implante transvalsar aórtico, mas todos em São Paulo, capital. “É necessário que seja credenciado um serviço no interior do estado e fomos atrás para que o HC seja contemplado por já ter demonstrado ter profissionais capacitados e tecnologia para a realização do Tavi”.

O diretor do serviço é o professor José Antonio Marin Neto que passou a coordenação do Tavi ao também professor Moyses de Oliveira Lima Filho. Desde que as cirurgias começaram, 75 pacientes passaram pelas mãos dos profissionais do HC com recursos da própria Instituição. Mas para continuar, a Instituição pede para que o Hospital seja um dos centros credenciados e passe a receber pelo procedimento.

Siamesas – Outro pleito entregue pelo superintendente Ricardo Cavalli à ministra da Saúde foi o de transformar o HCFMRP-USP em Centro de Referência para o tratamento de Siameses Craniópagos para o SUS. O pedido se baseia no sucesso do procedimento realizado há quatro anos e já com o segundo caso em andamento. Ambos coordenado pelo professor Hélio Machado e tendo o professor Jayme Farina, responsável pelas cirurgias plásticas.

Com isso, o HC demonstra estar na vanguarda da história da medicina e ter capacidade profissional e técnica para oferecer esse tipo de procedimento ao Sistema Único de Saúde. Com verba de R$ 70 mil por mês, o Hospital poderá realizar três atendimentos por ano e manter a equipe médica e de apoio devidamente capacitada.

CAR-T – De olho nos avanços tecnológicos, o superintendente requereu ao Ministério da Saúde que seja feita a inclusão da terapia com linfócitos CAR-T, como procedimento estratégico, para o atendimento de milhares de pacientes que poderiam ser tratados com essa terapia inovadora contra o câncer.
O HC é pioneiro na América Latina no uso deste tipo de terapia. Após anos de pesquisa no Hemocentro de Ribeirão Preto, coordenada pelos professores Dimas Tadeu Covas e Rodrigo Calado, foi desenvolvida técnica 100% nacional para a produção dos linfócitos CAR-T e, em 2019, foi realizado o primeiro tratamento. Desde então, foram tratados 10 pacientes, com 90% de resposta, e 60% dos pacientes estão vivos e sem evidência da doença.
Em 2023, em fase final de construção dentro do Hemocentro, uma “fábrica de células“ está sendo erguida para aumentar a produção dessas células para atender pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Essa modalidade terapêutica já faz parte das orientações internacionais para tratamento de linfomas e leucemias linfóides agudas.” Estimamos que, com as indicações atuais aprovadas pela ANVISA, mais de três mil pacientes tenham indicação para a terapia com células CAR-T anti-CD19, anualmente no Brasil”, esclarece o superintendente, Ricardo Cavalli.

Acelerador linear – O serviço de radioterapia do Hospital das Clínicas atende 200 pacientes por dia, utilizando diversas técnicas e com demanda reprimida de 100 pacientes, aguardando vaga nos dois aceleradores. A situação, infelizmente, pode se complicar em razão de um dos equipamentos do serviço de radioterapia funcionar de forma intermitente. Sua fabricação foi suspensa em 2012 e o suporte técnico do fabricante se encerrou em 2022. “Sua parada por completo trará enormes prejuízos aos pacientes”, garante Cavalli.

Antecipando-se ao possível problema, o superintendente requereu à ministra a compra de um novo acelerador cujo valor estimado é de R$ 9,2 milhões. “Com as informações que passamos é possível a ministra aquilatar o que representaria a aquisição desse equipamento para a continuidade dos serviços prestados à população”.

“Avalio como excelentes os encontros que tivemos com os deputados e com a ministra da Saúde. Sai de lá com a certeza de que passamos as necessidades urgentes do segundo maior hospital do estado que realizou em 2022 mais de 1.6 milhão de atendimentos. Por tudo que representa o Hospital das Clínicas tenho esperança de que todos os pedidos serão atendidos”, conclui.

O superintendente foi acompanhado pelo diretor-executivo da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência, professor Valdair Muglia.

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