Cirurgia inédita no HC é realizada em paciente amputada há 34 anos

Por Marcos de Assis e Daniel Menezes

Hospital fará mais 30 cirurgias desse tipo em 2024

Uma cirurgia inédita no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto foi realizada em paciente amputada há quase 34 anos. Chamada de osteointegração, a cirurgia  consiste em colocar um dispositivo dentro do osso, com o objetivo de estabelecer uma conexão biológica sólida entre o osso e o material feito de titânio,  proporcionando uma ancoragem estável e duradoura.

Clique no link para assistir a reportagem: https://youtu.be/jjkLoiETkCE

O processo de osteointegração ocorre ao longo de vários meses, durante os quais as células ósseas crescem e aderem à superfície do implante, formando uma união sólida. Esse enraizamento no osso é essencial para garantir a estabilidade do implante e o sucesso a longo prazo do procedimento.

“A osteoeintegração é semelhante ao implante dentário. Usamos o mesmo método. Com o tempo, o osso penetra em vários poros desse metal, de tal forma que fique uma coisa muito firme e muito estável. Como se realmente os dois materiais, o osso e o metal, eles interagissem, se interdigitassem, de tal forma que ele fique como se fosse uma estrutura única firme e estável”, explica o professor Edgard Engel, do Departamento de Ortopedia da FMRP-USP, e coordenador do Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas.

Início – A técnica foi introduzida no Brasil pelo cirurgião oncológico do Hospital do Câncer de Pernambuco, Marcelo Souza, que realizou a primeira cirurgia, no Brasil, em maio de 2022. De lá para cá foram realizadas 13 operações. A primeira no HCRP foi realizada no dia 20/12/23.

A cirurgia foi realizada pelo médico pernambucano ao lado de profissionais da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e do Hospital das Clínicas. A paciente escolhida foi Silvia Martinelli. Há 34 anos, ela foi atropelada por um carro e os médicos precisaram amputar a perna esquerda.

Desde então, ela usa próteses que não dão a mobilidade que precisa e causam dores. Ao longo desses tempo ela  cultivou um sonho. “Meu sonho é andar melhor, é andar melhor”, reafirma com a certeza de que a cirurgia pode realizá-lo.

Para o  ortopedista oncológico Nelson Gava, a cirurgia permitirá a ela “não só melhorar a qualidade de vida, aumentar o tanto que a pessoa anda com a prótese(nova) e melhor do que com a prótese de encaixe. A longo prazo ela estará economizando, porque o encaixe tem custo. Esses liners que tem que colocar, tipo  meia, gasta muito rápido e todas elas são muito caras e com a prótese em osteointegrada a gente elimina tudo”.

PRONAS – O Hospital das Clínicas captou cerca de R$ 4 milhões com o Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência e vai realizar, em 2024, 30 cirurgias com pacientes pré-selecionados. O programa permite que empresas abatam 1% do imposto de renda e repassem para projetos ligados à saúde. 

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